sábado, 30 de maio de 2009

Irã enforca três homens em praça pública


Neste sábado (30), o Estado Teocrático do Irã enforcou três homens acusados de envolvimento em atentado à mesquita. O ato terrorista culminou na morte de cerca de 20 pessoas na última quinta-feira. Os terroristas admitiram o fornecimento dos explosivos usados no atentado.

Segundo a agência de notícias oficial, o processo judicial foi regular, ou seja, as execuções foram legais. De fato, eles foram responsáveis pela morte de pessoas inocentes, o que não poderia passar impune. Mas será também papel da justiça legitimar execuções em plena praça pública? A Justiça deve trabalhar em função de uma ideologia ou estar acima de todas assegurando a paz e a vida em sociedade? O Estado tem o direito de espetacularizar a morte com a finalidade de “educar” o seu povo? São questionamentos que fogem à minha compreensão. Ainda não consegui elucidar o que é de fato benéfico e construtivo para a humanidade. Mas posso afirmar com bastante convicção que um enforcamento não é uma atitude a serviço do bem. A justiça dos homens se sustenta em leis que não asseguram a verdade e a igualdade. Fazemos justiça tendo como parâmetro nossa educação e nossa cultura e não em função de uma verdade universal (ainda não a deciframos). É por isso que a execução constitui uma punição sem resultado comprovado, tendo como único senso de justiça a raiva coletiva.

4 comentários:

  1. é um assunto bastante polêmico por se tratar de terroristas. Entendo que todos nós somos iguais, sem distinção de seja la o que for. Mas o movimento terrorista ele tem uma fé que visa o sacrificio(levando muitas vidas consigo), o que também não é uma forma de justiça.Se essa cultura nao se reeducar em seus principios, talvez essa seja uma saida, por mais dolorosa que seja.

    guga. êa irmao! abraço!

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  2. Execução pública, com direito a torturas públicas e participação popular fazem parte do histórico penal do ocidente e da realidade do sistema penal de países como o Irã. Entende-se que o sistema penal, dentro dessa realidade, seja mais uma ferramenta de vingança do Estado em suas diversas formas, e não uma ferramenta que busca educar o povo (se é essa a justificativa, ela sessa quando se reporta ao passado e verifica que havia criminalidade apesar dos suplícios).

    Pessoalmente, creio que isso seja injustificável. Que penalize a violação do Direito a vida daqueles que têm consciência dela, no caso das vítimas do atentado, com a privação de outro Direito fundamental, mas que não o seja público pois como a História já provou, isso não vai muito longe.

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  3. Muitas vezes o problema da realidade é ser tão real ao ponto de exceder a nossa capacidade de compreendê-la e manter valores que nos parecem tão óbvios. O nosso ocidentalismo nos deixa tão chocados com essa situação que é quase difícil crer que seja de fato real. Não é uma situação para se buscar justificativas, mas para observar que o mundo é muito diferente do que a nossa cabeça contemporânea e bem alimentada pode pensar. E isso não se resume apenas aos enforcamentos no Irã, está mais perto do que se pensa. Nas favelas a lei é quase a mesma: olho por olho, dente por dente. E aí quando falamos em direito fundamental e violação ao direito da vida, fica tudo parecendo baboseira diplomática.

    Defendamos com unhas e dentes a nossa auto-preservação, pois atualmente é só o que temos. Mesmo sabendo que viemos da mesma demagogia religiosa, e que a única coisa que fizemos de diferente foi descolar parcialmente de Deus a nossa vontade de existir e compartilhá-la com alguns mais (que ainda assim não são muitos, se comparados ao total). Não somos mais cânones nem famílias, e isso conforta um pouco a nossa mente. Mas quem de fato somos? Seremos finalmente e justamente, só gente?

    Por fim, eu não creio em reeducação. Só em educação.

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  4. CONTRA A PENA DE MORTE!
    NELSON TANGERINI, ESCRITOR.
    http://nelsontangerini.blogspot.com/

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