O ex-presidente cubano, Fidel Castro, acusou nesta quinta-feira o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de mentir para justificar a manutenção do embargo imposto à Cuba desde 1962 e de prosseguir com as políticas de seu antecessor, George W. Bush, em relação à ilha. Fidel também descartou qualquer possibilidade de introdução de uma "democracia capitalista" na ilha, mostrando-se descrente por mudanças na conjuntura política e econômica do país. Além disso, o ditador cubano definiu como delírio a discussão sobre o fim do embargo à Cuba e ironizou a abordagem desse assunto pela 5ª Cúpula das Américas. Essas críticas foram feitas por Fidel através de artigos publicados no Cubadebate, site destinado a discussões e troca de informações sobre a ilha.
É inegável a existência de uma atmosfera otimista em relação ao governo de Obama, repleta de esperanças e especulações acerca das decisões que serão tomadas por ele, capazes ou não de "resolver o problema do mundo". Evidente que tais decisões repercutirão na dinâmica político-econômica do planeta, mas o super-presidente idealizado como "salvador da Terra" está bem longe de se tornar real. As afirmações de Fidel servem como um alerta, pois líder cubano que é, possui credibilidade suficiente para afirmar sobre a manutenção de um embargo econômico tão significativo. Obama está, sim, exercendo uma política agregadora e amistosa, a fim de substituir a tirania do governo Bush por uma diplomacia que preza pela democracia nas decisões comerciais e políticas. Por outro lado, vivemos em um mundo essencialmente capitalista e é esperado que os EUA, maior potência mundial, defendam seus interesses econômicos e busquem - mesmo que discretamente - a manutenção do posto hegemônico de mediador das relações internacionais e líder das dinâmicas e dos lucros comerciais.
A expectativa por mudanças no mundo é algo cultivado por todos nós. Acredito que estamos caminhando, primeiramente, para mudanças ideológicas nas relações entre as pessoas e as nações. Nota-se o gradual desenvolvimento de uma consciência agregadora e cooperativa, por parte das potências dominantes, preocupadas em inserir os países periféricos nas discussões internacionais e cientes de que o desenvolvimento econômico do mundo depende diretamente desses países. Essa reciclagem ideológica é, portanto, o primeiro passo para que se trilhe mudanças efetivas na conjuntura social e econômica do planeta.
De nada adianta um super-presidente. Precisamos de líderes engajados, responsáveis, empáticos. Colocar-se no lugar do outro é um grande passo para a superação das desigualdades.